Soneto
A luz do dia não brilhou p´ra ti
Um só instante, ó minha filha querida,
Um só ai, teu, no peito não senti,
Não vi viver em ti a minha vida!
Ela findou – senhor! – não está aí,
No teu bercinho triste da partida,
Onde a expressão mais pura que eu já vi
Tu tens amor! Minha ilusão perdida!
Não sentes meus afagos nem o quanto
De mais ardente amor te fala o pranto
Que o meu coração chora, nesta dor!
Partiste, sim, meu pequenino bem,
Mas no meu peito e no da tua mãe
Tu viverás p´ra sempre, querido amor.
Sebastião Leiria
São Braz, 28 de Maio de 1946