Amo a terra, amo a beleza
Dos seus contrastes sem par…
Mas mais me prende a grandeza
Da aventura do mar…
As águas do mar…serenas…
Não têm tranquilidade;
Estão assim chorando as penas
Deixadas pela tempestade.
Azul e luz…que portento!…
Mas ó mar, onde se ausenta
O barro, o preto, o cinzento
Com que pintas a tormenta?
Que contradição dorida
Tens ó mar, nos teus esplendores…
Tu és o pão, és a vida…
E a morte dos pescadores.
Nunca perdem o quebranto
Lágrimas que o mar contém…
Porque sendo um mar de pranto
Ficam sendo mar também.
Sebastião Leiria
Tavira, 29 de Julho de 1971