Soneto
Sorrindo meigamente, docemente,
O teu retrato lindo, que me deste,
Diz-me baixinho, num segredo ardente,
O que dizer-me tu nunca quiseste.
Fico feliz escutando, avaramente,
Essas frases d´amor que não disseste
E que no teu olhar, candidamente,
Mais duma vez, esconder-me, não pudeste.
O teu retrato lindo é meu amigo
Como tu não o és, por meu castigo,
Pois me diz todo o seu querer por mim…
Junto ao meu peito o trago num abraço
P´ra me embeber no amor do seu regaço
Já que tens medo de abraçar-me assim.
Sebastião Leiria
Tavira, Março de 1944