Quadras Soltas

Dezembro 27, 2021
Posted in Poesia
Dezembro 27, 2021 Helena Leiria

Quadras Soltas

Meu amor, se amor existe,

Deixa-me apenas pensar

Porque é que eu sou tão triste

Quando apenas sei amar.  

 

A vida que a gente leva

Se é castigo não parece

Só troca a luz pela treva

Quem a treva lhe apetece.

 

A pobreza por ser pobre,

Não empobrece ninguém!!!

Só é pobre quem do cobre

Precisa p´ra ser alguém.

 

Se a justiça fosse justa

Então justiça haveria

A verdade é que é injusta

A justiça que se queria.

 

Essa coisa que eu sou

Sou aquilo que pareço

De mim o melhor eu dou

Recebo o que não mereço.

 

É sempre bom o perdão

Que cada um dá a alguém…

A vida é só coração

Sem ele não se é ninguém.

 

Velocidade é a pressa

De mais vida se viver;

Viver sim mas com a messa

Que messa p´ra não morrer.

 

Um homem, no seu valor,

Se alguém o sabe entender,

Ele há-de sentir amor

Por quem saiba o seu saber.

 

Porque se cruzam caminhos

E teus passos vêm aos meus?

Se disso nos vem carinhos

Não perguntes, mandou Deus.

 

Navegando por aí,

Só comigo vou andando

Mas viver não é aqui

E não vivo vou sonhando

 

Se eu pudesse andar p´ra trás

Na vida que já vivi,

Quando chegasse a rapaz

…Esquecia o que aprendi.

 

Na tarde lenta e disforme

Que discorre em fantasia

Há muito quem se conforme

Mas não sente a poesia.

 

Esse amigo que não há

Tomara quem o tiver

Aparece ao Deus dará

É amigo p´ra viver.

 

 Os amigos mais amigos

Nem sempre estão junto a nós

Na vida só não há perigos

Se olharmos dentro de nós.

 

A justiça e a verdade

Inventos que o homem teve

Por pura necessidade

De explicar a vida breve.

 

Tanta luta tanta luta

Para quê tanto combate

Se quem mais luta e labuta

Inda mais tem quem o mate.

 

Quase dei a volta ao mundo

P´ra te esquecer por aí

Mas ou o mundo é pequeno

Ou gosto muito de ti.

                                                                         

Um sorriso que esvoaça

É como asa de luz

É uma bênção de graça

Engano que nos seduz.

 

Se a pena fosse caneta

E a caneta fosse pena

Talvez se atingisse a meta

E a vida fosse serena.

 

Lá vai a tarde, lá vai ela

Olhei à luz do sol posto

E na meia luz singela

Como eu queria achar gosto.

 

O homem para ser homem

Deve ter estes sinais

Fazer muito, falar pouco

E não se gabar aos mais.

 

A justiça e a verdade

Inventos que o homem teve

Por pura necessidade

De explicar a vida breve.

 

Sempre o pai é sempre pai

Quem vem atrás é só filho

Mas nesse caminho vai

Cada um no próprio trilho.

 

A finança alta finança

Não acredita em ninguém

Ela é feita à confiança

Quem nada tem tudo tem.

 

Ou há destino ou maldade

Se há maldade não há destino

Então destino é verdade.

Verdade é mal ou destino?                      

 

Sebastião Leiria