Soneto
Quando à tardinha o sol desaparece,
Paira no ar aquela claridade
Que nos penetra, prende e entristece
E a alma inunda dum mar de saudade.
Veio a tardinha…Agora já esmorece…
Minado pela saudade que me invade
Não sinto a noite vir…e que escurece
Nem os astros fulgir na imensidade…
Apenas vejo amor o teu olhar
Falar-me de bondade e de doçura
Nesta visão, de ti, que em mim ficou!…
É noite! Amor, o pôr do sol findou…
Mas a saudade, não, essa perdura
Escrevendo em mim…Distância…Amor…Voltar…
Sebastião Leiria
Lisboa, 29 de Março de 1949